REGENERAÇÃO
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Diferentes tipos celulares quanto ao poder de proliferação: da esquerda para direita, de cima para baixo: célula epitelial de mucosa bucal (células lábeis); glândula salivar (células estáveis); tecido nervoso periférico (células permanentes); tecido muscular (células permanentes). | regeneração promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido. Todo o procedimento regenerativo se realiza em tecidos onde existem células lábeis ou estáveis, isto é, células que detêm a capacidade de se regenerar através de toda a vida extra-uterina (por exemplo, células epiteliais, do tecido hematopoiético etc.); por intermédio da multiplicação e organização dessas células origina-se um tecido idêntico ao original. Além dessa condição, a restituição completa só ocorre se existir um suporte, um tecido de sustentação (como parênquima, derma da pele etc.) subjacente ao local comprometido. Esse tecido é o responsável pela manutenção da irrigação e nutrição do local, fatores essenciais para o desenvolvimento da regeneração dentro dos padrões normais.
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Epitélio da mucosa bucal. As diferentes camadas desse epitélio garantem sua renovação constante: Q - queratina: células exfoliadas; E - estrato espinhoso: células proliferadas; B - estrato basal: células com alto poder proliferativo; alimentam o estrato espinhoso. A regeneração do epitélio é dita fisiológica (HE, 40X). | É normal no organismo a reposição de células, tipo de regeneração classificado como fisiológica, ou seja, a proliferação celular é contínua para manter a estrutura e o funcionamento dos órgão. Um exemplo é a mucosa bucal (e as demais mucosas), em que o epitélio prolifera continuadamente para a renovação das camadas epiteliais. Há ainda a regeneração compensadora, observada nos órgãos pares (por exemplo, pulmão, rins etc.); quando um dos órgãos é destruído, o outro assume processos regenerativos mais intensos para compensar a destruição do seu par. Por fim, diz-se que há regeneração patológica quando houver destruição tecidual e perda da homeostase e da morfostase (Guidugli-Neto, 1997).
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| As fases da regeneração incluem um momento em que há demolição das células lesadas e inflamação, seguido por intensa proliferação (respectivamente, fases de demolição e progressão). Inúmeras hipóteses vêm sendo formuladas para explicar o processo regenerativo, envolvendo, dentre outros, elementos humorais, circulatórios etc. Atualmente sabe-se que algumas proteínas da matriz extracelular estimulam a proliferação celular, bem como existem alguns genes responsáveis pela mitose celular. As experiências nesse campo hoje em dia são bem atuantes. |
Epitélio da derme e da mucosa bucal. Apesar de ambos os tecidos serem constituídos por células lábeis, existem diferenças na capacidade regenerativa: a mucosa bucal regenera mais facilmente do que a pele (HE, 100X e 40X). | Um conceito importante a ser considerado nos processos de regeneração é a diferenciação celular, transformações que a célula desenvolve durante seu ciclo de vida pelas quais vai adquirindo especializações; assim, uma célula embrionária, para atingir o "status" de célula epitelial, passa por estágios de transformação (principalmente de suas organelas e de seu metabolismo) até assumir um comportamento de célula epitelial. Nos processos regenerativos, em geral, quanto mais diferenciada for uma célula (isto é, mais especializada), menor é seu grau de multiplicação e regeneração. Contudo, esse princípio não pode ser generalizado para todos os tipos celulares, pois a localização e a capacidade da célula de sofrer agressões influenciam em seu comportamento regenerativo. Por exemplo, as células da mucosa bucal (células lábeis) são mais facilmente regeneradas do que as de pele (também lábeis); já as células da medula óssea (novamente lábeis) têm regeneração completa. |
Glândula salivar menor. As células glandulares são estáveis, tendo dificuldade de regeneração. A epitélio dos ductos tem mais capacidade de regeneração do que as células acinares (PAS, 100X). | As células estáveis (com menor poder mitótico em relação às lábeis e bem diferenciadas) possuem capacidade de regeneração bem variável de órgão para órgão. O fígado, por exemplo, regenera-se completamente, inclusive sua estrutura estromática, ou seja, vasos sangüíneos, sistema de ductos, arcabouço conjuntivo etc. Já no rim, o glomérulo não se refaz após destruição completa, mas o epitélio tubular pode se regenerar completamente. A cartilagem, por outro lado, não se refaz, assim como os ácinos das glândulas salivares. O tecido ósseo tem regeneração mais complexa, mas também pode adquirir sua estrutura original. |
O músculo, constituído por células permanentes, praticamente não se regenera; possui um mecanismo de reparação baseado não na proliferação celular, mas em fenômenos adaptativos que incluem a participação de outras células e a alteração de forma destas (HE, 400X). | Para as células permanentes (ou perenes) (com baixíssimo poder mitótico e alta especialização), a regeneração praticamente inexiste. As células nervosas, por exemplo, não se proliferam, portanto, não se regeneram. O tecido nervoso periférico, quando agredido (por exemplo, rompimento da fibra), pode se restituir não por proliferação da célula, mas pelo prolongamento do axônio mais próximo, juntamente com a ação de células satélites ao feixe vascular (as células de Schwann). Portanto, é um processo reparativo, mas não uma regeneração. Processo semelhante é visto nas células musculares, cuja reparação advém principalmente do sarcoplasma.
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